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Painel Balístico e Aço – Proteção invisível
painel balistico
outubro 20, 2015

Painel Balístico e Aço – Proteção invisível

Fonte: Via Portal da Blindagem. Acesse -> www.portaldablindagem.com.br

Parece ironia, mas, quando se fala em proteção balística, o vidro, que é transparente, é a parte visível da blindagem e o aço e a manta de aramida, que são opacos, a invisível, já que ficam completamente escondidos sob o acabamento.

Por não ficar visível, muitas pessoas acreditam que a blindagem das áreas opacas de um veículo (a lataria) é desnecessária. Ledo engano. “Além de ser proibida pelo Exército, órgão que regulamenta e fiscaliza o setor no Brasil, a blindagem parcial passa uma falsa sensação de segurança aos usuários do veículo. Essas pessoas pensam estar protegidos apenas pelos vidros blindados, mas, caso algum disparo atinja a lataria, o projétil pode atravessá-la e atingi-las”, alerta o presidente da Câmara de Blindagem Opaca da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), Márcio Elio Manique Junior. Dessa forma, a blindagem, criada para ampliar a segurança e ajudar a proteger a vida de pessoas, não cumpre sua função. Ao contrário, pode colocar vidas em risco, em decorrência da pseudo-segurança que transmite aos usuários do veículo.

Blindagem opaca

A escolha dos materiais e de sua espessura é feita em função do nível de proteção escolhido. De qualquer modo, a qualidade dos materiais empregados é imprescindível para a obtenção da resistência requerida, diretamente relacionada à segurança da blindagem.

Vidros

Entende-se por blindagem balística opaca todo produto não-transparente utilizado como proteção balística. “Diversos produtos podem ser utilizados para essa proteção em se tratando de blindagem opaca. Na blindagem arquitetônica, por exemplo, podem ser utilizadas paredes de concreto”, afirma Márcio Manique. Antigamente, nas blindagens automotivas, apenas o aço era utilizado para a blindagem das áreas opacas dos veículos. Mas, o acréscimo demasiado de peso pode causar problemas nas dobradiças das portas e até mesmo alterar o ponto de equilíbrio dos veículos, prejudicando a dirigibilidade. Por exemplo, para atender às normas de uma blindagem do nível III-A, que resiste a disparos até de Magnum .44, utilizam-se chapas de aço ou aço balístico que podem chegar a pesar de 2,5 vezes a 4 vezes mais do que uma manta balística de aramida, dependendo do tipo de aço utilizado e do número de camadas e resina que compõem a manta de aramida. É importante frisar que esses valores consideram o peso por metro quadrado de material utilizado.

O avanço tecnológico tem como objetivo reduzir o peso adicionado aos carros, sem o prejuízo da proteção balística. O desenvolvimento das fibras especiais tem sido responsável pela diminuição de peso com manutenção da proteção da blindagem. Na comparação entre volumes de mesmo peso (massa), a aramida é pelo menos cinco vezes mais resistente que o aço.

Atualmente, a manta de aramida, composta pela sobreposição de tecidos de fibras especiais, é utilizada em larga escala nas blindagens balísticas produzidas no Brasil. Para resistir até a disparos de Magnum .44 (nível III-A), as blindadoras utilizam de 8 a 10 camadas de manta de aramida. Para a blindagem de um veiculo médio, utilizam-se, aproximadamente, 40 kg de aramida. A variação do número de camadas e do peso decorre do projeto de cada empresa. É claro que a utilização da nova tecnologia eleva um pouco o custo da blindagem. Mas, o maior custo pode ser compensado posteriormente, com o menor consumo de combustível e o menor desgaste de algumas peças, como as pastilhas de freios e a suspensão, além da menor depreciação na hora da venda do veículo.

Mas, mesmo com o avanço tecnológico, o aço ainda não é totalmente dispensável para a execução de um bom serviço de blindagem para o nível III-A. É recomendável que ele seja utilizado nas colunas (centrais, do pára-brisa e do vigia – local onde é instalado o vidro traseiro), maçanetas, fechaduras, retrovisores e em todos os locais onde são instalados os vidros, para proteger suas bordas. A utilização do aço nesses locais é necessária devido à baixa resistência mecânica da aramida em áreas muito estreitas e depende de cada projeto de blindagem elaborado pelas blindadoras.

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Além de assegurar a proteção balística para cada nível, as blindagens opacas devem apresentar resistência à umidade. Daí a necessidade de proteção contra a penetração da água. Quando a manta balística é produzida adequadamente e a blindadora utiliza as recomendações do fabricante no momento da instalação, não deve haver problemas de penetração de água.

Também devem ser resistentes à temperatura. Nos testes de resistência, a blindagem opaca deve resistir a 71° C sem apresentar descolamentos, empenamentos ou qualquer outro defeito estrutural. No caso de a proteção balística destinar-se à proteção das partes quentes do veículo (motor etc.), a temperatura de aquecimento deve ser de 160°.

Assim, podemos dizer que os três pontos básicos a ser atendidos por uma blindagem balística são:

  • O nível de proteção pretendida, de acordo com os níveis de resistência determinados em normas estabelecidas;
  • Peso do veículo em relação à sua potência; e
  • O custo da blindagem e da manutenção do veículo.

Combinação ideal

A conclusão é a de que tanto o aço quanto a aramida proporcionam proteção no nível desejado, de acordo com as normas estabelecidas; o aço, apesar de ter peso elevado (o que pode, se utilizado em excesso, prejudicar o desempenho e a dirigibilidade e acelerar o desgaste de certas peças do veículo), não pode ser totalmente descartado para que haja garantia da segurança da blindagem nível III-A; a aramida, apesar de ser mais cara que o aço (o preço em relação ao aço tem decrescido, o que faz com que a utilização exclusivamente do aço não se traduza em grande benefício econômico), reduz o prejuízo do desempenho, o desgaste de certas peças e a depreciação do valor do veículo. Vemos que a combinação entre os dois materiais é “saudável”.

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