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Blindagem de veículos avança com a insegurança, estado RS
blindagem de veiculos
setembro 2, 2016

Blindagem de veículos avança com a insegurança, estado RS

Fonte: Cadu Caldas | Fonte: ZH Notícias -> www.zh.clicrbs.com.br

Antes restrita a executivos, procura cresce também na classe média

“Bandidos estão tomando conta”

Empresário da área de internet, que prefere ter o nome não divulgado, decidiu blindar o carro em abril. Depois da tentativa de assalto sofrido por um primo no bairro Moinhos de Vento, passou a procurar medidas extras de proteção para a mulher e o filho de seis meses. O carro, um Corolla 2015, foi blindado com nível de proteção III-A por R$ 52 mil.

— Espero não ter de usar, mas acredito que foi um valor bem gasto. Tudo que a gente pode fazer para proteger a família acaba saindo barato. Ainda mais em Porto Alegre onde os bandidos estão tomando conta — diz.

Há mais de 13 anos no ramo de blindagem automotiva, com experiência em São Paulo e Porto Alegre, o consultor em segurança Bernardo Fallavena confirma que a procura pelo serviço tem ficado menos elitizada nos últimos tempos. A chegada de novas empresas no mercado — na região metropolitana da capital gaúcha já são três, em São Paulo, mais de cem — e o uso de novos materiais na blindagem do carro deixam o preço pouco mais acessível.

— Antes eram só grandes empresários que buscavam este tipo de proteção. Agora não, tem muito profissional liberal que mostra interesse em blindar o carro ou comprar um seminovo blindado — explica Fallavena.

A proteção do automóvel pode desvalorizá-lo, alerta o consultor. O peso extra que o veículo recebe — em média 160 quilos — exige manutenção mais constante e troca de peças. Até a escolha do nível de segurança influencia na hora da revenda, explica.

COMO É FEITO UM CARRO BLINDADO

DIVERSAS GRADAÇÕES

Existem diferentes camadas de blindagem

  • Nível I resiste a tiros de calibre .38 e tem custo mais baixo
  • Nível II resiste a tiros de Magnum 357
  • Nível III-A resiste a disparos até de Magnum 44
  • Nível III resiste a disparos de fuzil AK-47

AS ETAPAS

Diferentemente de veículos militares e de transporte de valores, que normalmente são concebidos blindados, a proteção em automóveis de passeio é incorporada em algumas partes e substituída em outras

  1. A primeira etapa é a desmontagem de algumas partes do automóvel para a instalação dos materiais balísticos. Com exceção do motor, tudo é retirado do lugar, inclusive os pneus. As peças são armazenadas em local adequado.
  2. Em seguida, os materiais de blindagem são preparados — cortados segundo as dimensões necessárias para adaptação no veículo.
  3. Começa a montagem. Na lataria e partes internas, é feita a blindagem opaca — com aço ou aramida. Nos vidros, é realizada a blindagem transparente. Algumas áreas precisam receber atenção especial, como a junção das portas com as bordas dos vidros, onde deve ser previsto o recobrimento de aço.
  4. Uma vez concluída a instalação, o revestimento interior é recolocado no veículo para que o acabamento mantenha a aparência original. Daí, são realizados os testes práticos.
  5. Para que o veículo possa circular, é preciso solicitar nova documentação ao serviço público indicando que o carro é blindado.

MATERIAIS USADOS

A escolha dos itens e da espessura da blindagem é feita de acordo com o nível de proteção escolhido pelo cliente

  • Vidros Para a blindagem da área transparente, utilizam-se vidros especiais. Esses “vidros”, na verdade, são compostos por diversas lâminas de vidros e materiais polímeros. Esse “sanduíche” é chamado de pacote. O número de camadas varia de acordo com o nível de proteção.
  • Lataria Existem empresas que usam mais aço na parte opaca e outras utilizam predominantemente a aramida em quase todas as áreas. A diferença entre um e outro é o peso que será acrescentado ao veículo e o custo da blindagem. Um carro blindado com aço é até oito vezes mais pesado do que o blindado com aramida (fibra usada nos coletes à prova de bala). Mas, o preço tende a ser menor.
  • Acessórios A blindagem costuma proteger somente a cabine do carro. Há empresas que oferecem proteções opcionais. As mais pedidas são as blindagens do tanque de combustível e dos pneus.
  • Pneus Num carro blindado, não são à prova de balas porque seriam muito pesados para veículos civis. Em geral, os pneus recebem reforços para rodar alguns quilômetros antes de murchar.

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FISCALIZAÇÃO

Os materiais balísticos e os produtos que os utilizam, como os carros blindados, são controlados e fiscalizados pelo Exército. Mesmo sendo registrada, a empresa blindadora precisa de autorização específica para cada veículo que for blindar. Fonte: Abrablin e consultores independentes

Alterar comportamentos e prevenir situações de risco

Não é apenas a procura por blindagem de carros que tem crescido com aumento da violência. A busca por aulas de tiro em escolas especializadas também tem avançado.

O uso de equipamentos não deve gerar uma sensação de “supersegurança”, alerta o consultor da área Dempsey Magaldi, que tem mais de 30 anos de experiência no setor:

— Um carro blindado é como qualquer outro quando o motorista está do lado de fora. Não adianta proteger o carro com os melhores materiais e dirigir o veículo com fones de ouvido ou concentrado na tela do celular. É preciso adotar mudanças de comportamento e prevenir situações de risco — alerta.

Magaldi, que também ministra aulas de tiro, conta que muitos alunos chegam à escola acreditando que a arma é a única alternativa para garantir a própria segurança, e que o desafio é mostrar que o equipamento por si só não garante que a pessoa esteja livre de perigo. O mesmo acontece, segundo o consultor, com motoristas de blindados:

— A maioria das abordagens de criminosos pode ser evitada a partir de atitudes adequadas. É importante que o condutor do carro esteja atento a isso e os familiares também. Saber reconhecer ameaças é importante.

OPTE PELA SEGURANÇA MÁXIMA

Para o custo da blindagem pesar menos no bolso, vale investir mais na hora de escolher o nível de proteção do carro. Apesar de mais caro, o III-A, o mais potente em veículos civis, valoriza o automóvel. Carros com blindagem I e II costumam perder valor devido à baixa procura de compradores. A blindagem nível III-A de um Corolla 2015, por exemplo, custa, em média, R$ 55 mil. A básica (nível I), R$ 35 mil. Para revender, o primeiro valoriza cerca de R$ 15 mil acima da tabela Fipe, chegando a R$ 76,5 mil. Já a proteção menor deprecia até 20% em relação à tabela, para cerca de R$ 50 mil.

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