Blindagem de carros resiste a quais tipos de armas?
7/10/22 às 12h31 – Atualizado em 7/10/22 às 17h18
Fonte: https://autoesporte.globo.com/ | Por Emily Nery
Mercado brasileiro oferece cinco níveis de blindagem, que podem salvar o motorista até de tiros de fuzis
Se você está perplexo com as cenas de um Porsche sendo baleado diversas vezes em São Paulo na última sexta-feira (23), deve ter percebido como a blindagem cumpriu perfeitamente o seu papel, permitindo ao motorista escapar ileso.
Porém, dependendo do tipo de armamento utilizado durante o crime, e do nível de proteção do veículo, o interior do veículo poderia ter sido facilmente atingido.
Isso porque o mercado brasileiro oferece cinco níveis de blindagem. Portanto, quanto mais alto o nível, maior a sua resistência balística – podendo resistir até a fuzis e submetralhadoras.
O nível I de blindagem oferece proteção às armas de calibre .22 a .38, como alguns tipos de pistolas e revólveres de potência similar, além de resistir à ataques com pedras e ferros.
Menos oferecidos entre as blindadoras, os níveis II e II-A fornecem resistência a projéteis de pistola de 9 mm e revólver .357 Magnum. O que difere entre as duas é a que blindagem do nível II oferece proteção à balas de maior alcance – que podem percorrer até 425 metros em 15 segundos.
Por sua vez, a blindagem mais procurada no mercado é a de nível III-A, que garante proteção contra disparos de armas de mão, bem como revólveres .44 Magnum e até submetralhadoras de 9 mm. Essa é a que oferece nível máximo de segurança contra disparos oferecida para civis.
A proteção de nível III requer uma autorização especial do Exército para ser instalada do veículo e consegue suportar tiros de calibre 7.62 e de fuzis FAL, AR-15 ou AK-47.
Proibida no Brasil, há ainda a blindagem de nível IV, que garante proteção às armas de uso militar, como granadas e metralhadoras de calibre 12.7 mm.
O que você precisa saber antes de blindar seu carro:
O que o motorista deve fazer?
“Procurar uma blindadora idônea de responsabilidade, que tenha autorizações e licenças”, explica Marcelo Ramos, gerente comercial da Avallon Blindagens.
De acordo com Marcelo Silva, presidente da Abrablin, Associação Brasileira de Blindagem, “a blindadora deverá apresentar junto ao exército o CRLV, RG do proprietário e declaração de idoneidade para solicitar a procedimento no veículo. Então, o exército emite a autorização para o serviço. Assim que a blindagem foi feita, a blindadora informa ao exército dos materiais que foram aplicados, nota fiscal, etc, e o exército emite uma declaração de blindagem. Com essa declaração em mãos, cabe ao proprietário regularizar apresentar o documento e regularizar a situação no Detran, por meio de vistoria e da emissão de um novo CRV”.
Que tipo de veículo pode ser blindado?
Uma vez que o motorista já esteja autorizado a blindar seu carro, é necessário checar se vale a pena colocar seu veículo pelo processo. Marcelo reforça que a maioria dos modelos pode ser blindado, mas carros com motorização 1.0 não compensam o ganho de peso. Além disso, veículos conversíveis não são blindados.
Qual é o custo para blindar?
Pode custar de R$ 40 mil a R$ 90 mil, dependendo do carro e do tipo de blindagem escolhida.
Quando é feita a manutenção de um carro blindado?
Depois de 10 mil km rodados, o veículo deve passar por uma revisão na blindagem.
O consumo de combustível aumenta?
Muito se fala sobre os impactos que o aumento do peso do carro pode gerar, como gasto maior de combustível e desgaste das peças. Segundo Marcelo Ramos, a blindagem de um veículo adiciona cerca de 180 à 200 kg ao veículo, mas a tecnologia de blindagem hoje é mais avançada e não faz com que ele seja muito prejudicado.
“Você pode imaginar como se estivesse colocando dois adultos a mais dentro do carro, em todos os trajetos que ele irá fazer”, explica. Sendo assim, o desgaste das peças pode ser um pouco antecipado.
Blindagem bate recordes no país
De acordo com a Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), quase 16 mil carros passaram pelo processo em 2022. Os maiores volumes de blindagem se concentram em São Paulo, com 10.578 veículos, Rio de Janeiro (1.693), Minas Gerais (741), Rio Grande do Sul (678) e Ceará (457).
No ano passado, mais de 20 mil veículos passaram por algum processo de blindagem, número recorde no setor. No total, a Abrablin estima pelo menos 300 mil carros com a proteção no Brasil.